sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sobre a divisão do Estado

Sexta-feira, 01/07/2011, 08h09

UFPA inicia série de discussões sobre a divisão

Argumentos prós e contra a divisão do território paraense para criação dos novos Estados do Tapajós e Carajás foram confrontados na Universidade Federal do Pará, em debate promovido pelo Conselho Estadual de Contabilidade (Corecon), que contou com a participação de parlamentares federais, além de estudantes e servidores. No geral, os defensores da divisão alegam que haverá maior desenvolvimento nas regiões, que sairão do isolamento. Os que são contra a separação acreditam que menor, o Pará ficará mais pobre e mais fragilizado. O debate prosseguirá por outras regiões do Estado, como forma de esclarecer a população sobre os argumentos dos dois lados antes plebiscito sobre a divisão.


Os primeiros a defender seus argumentos foram o deputado federal Lira Maia (DEM) e o secretário estadual de Pesca, Asdrúbal Bentes. Os dois alegam que a divisão vai desenvolver as suas regiões e alegam que respeitam a posição dos que são contrários à divisão.

Lira Maia explicou que o sonho de criação do Estado do Tapajós é antigo, remonta de 1835, quando o Pará ainda era uma província do império, ainda quando se viabilizou a divisão do Grão-Pará para criação do Amazonas. Ele também refuta a afirmação de que os novos Estados terão que ser sustentados pelo governo federal. “Qual Estado que a União não investe recursos?”, questionou Lira Maia.

Giovani Queiroz, defensor da criação do Estado do Carajás, apresentou dados sobre os Estados de Mato Grosso do Sul e Tocantins, que, segundo ele, justificam a briga pela divisão. “Há 20 anos era a região mais inóspita do Brasil, hoje 96% das residências do Estado do Tocantins dispõem de água potável”, assegura Queiroz.

Mas é o aumento da representatividade parlamentar que empolga os defensores da criação dos novos Estados. Eles acreditam que com mais senadores, deputados estaduais e federais a Amazônia terá mais chance de lutar por mais recursos federais para desenvolver a região.

O advogado Sérgio Couto, que substituiu o chefe da Casa Civil, Zenaldo Coutinho, no debate, rebateu os argumentos anteriores, alegando que a criação do Carajás e Tapajós elevará em R$ 4.2 bilhões a manutenção da máquina administrativa, o que segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) também aumentará o déficit público.

Ele mostrou que Carajás tem 907.2 mil habitantes, o que significa que vai absorver 22.5% do PIB do Pará, (R$ 8.2 bilhões). Já o Tapajós, que tem 1.4 milhão de habitantes, vai absorver 39% do PIB, o que significa R$ 3.7 bilhões. “Com estes números, os Estados seriam natimortos, já nasceriam endividados”, argumenta Sérgio Couto.

Para Couto, o argumento de que a criação dos novos Estados vai aproximar os serviços públicos e o poder da população é uma falácia. “Só faltam dizer que você vai andar de braços dados com o governador no meio da rua, que deputado vai tomar cerveja no boteco com as pessoas...”, ironizou, alegando que o problema só vai mudar de endereço e que há três categorias de defensores da divisão: os ingênuos, os oportunistas e os empresários que vão lucrar com a estrutura de novas federações.

(Diário do Pará)

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